Assim como em qualquer outro espaço público, os banheiros estão cheios de germes. Cada vez que alguém dá descarga com a tampa do vaso sanitário aberta, uma névoa de vírus e bactérias se espalha pelo ambiente e permanece por um tempo nas superfícies — em especial, no próprio vaso.
Mas, como na hora do aperto não tem para onde correr, existem alguns cuidados básicos que podem fazer com que essa experiência seja a mais higiênica possível.
Ao contrário do que se imagina, a forma mais comum de contaminação por doenças em banheiros compartilhados não é sentando no vaso e, sim, através da via fecal-oral.
“Vamos supor que você encostou na parede onde outra pessoa com as mãos sujas de fezes também encostou. Depois, você não higieniza corretamente as mãos e acaba levando-as à boca. Dessa forma, pode acabar se contaminando”, explica a dra. Marianna Bezerra, infectologista em São Paulo.
Já no caso de infecções sexualmente transmissíveis, como a infecção pelo HPV e pelo herpes, o risco é menor. O contágio se daria através do contato direto do órgão genital com o assento do vaso contaminado.
Em outras ISTs, como HIV, sífilis, hepatite B e hepatite C, seria necessário o contato de uma porta de entrada, como um ferimento aberto, com sangue ou secreções infectadas. Portanto, o risco é quase inexistente nesses ambientes.
Cuidados antes de usar os banheiros públicos
“Em todas as infecções, a principal forma de evitá-las é lavar as mãos antes e depois de usar o banheiro”, destaca a dra. Marianna.
No entanto, é aí que começam os problemas: principalmente no caso de banheiros químicos, nem sempre é possível encontrar uma pia com água e sabão para lavar as mãos. Portanto, se você já sabe que vai precisar utilizar um banheiro público, como em um show, um festival ou um evento com muitas pessoas, tome algumas precauções:
- Leve na bolsa um frasco de álcool em gel para fazer a higienização das mãos caso não encontre um lugar para lavá-las com água e sabão;
- Leve papel higiênico ou lenço umedecido, pois nem sempre haverá papel no local;
- Verifique as cabines e procure o banheiro que pareça mais limpo antes de usar;
- Evite encostar nas paredes, portas, maçanetas e, principalmente, no vaso sanitário.
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Sento ou não sento para fazer xixi?
A decisão de se sentar ou não no vaso sanitário depende das condições do banheiro utilizado. Em shoppings e escritórios, há uma limpeza constante, que pode ser percebida pela aparência e pelo odor do ambiente. Nesses casos, é possível se sentar com mais tranquilidade.
“Mas se você tiver dúvida, se não sabe quando foi feita a última higienização ou se é um lugar que muitas pessoas usam, o ideal é que você faça a limpeza do assento ou use um protetor de assento, quando disponível”, indica a infectologista.
Para limpá-lo, você pode utilizar álcool em gel ou lenço umedecido. Se isso não for possível, o ideal é só se posicionar sobre o vaso, sem encostar diretamente e tomando cuidado para acertar a mira. Mas se precisar se sentar mesmo assim, a dica é chegar um pouco mais para trás, de modo a evitar que os órgãos genitais tenham contato direto com o assento.
“Para pessoas com vulva, existe um funil urinário. Ele é feito com silicone ou outro objeto descartável. A pessoa acopla esse funil na vulva e direciona a urina para o vaso sanitário, evitando a necessidade de sentar ou agachar”, recomenda a dra. Marianna.
Onde colocar a bolsa?
Em relação aos pertences, se possível, peça para alguém que está com você segurá-los do lado de fora. Se estiver sozinho(a), leve-os consigo e deixe-os a tiracolo. Não apoie em ganchos ou suportes de objetos, porque, assim como o restante do ambiente, eles também podem estar contaminados.
Evite mexer no celular durante o uso do sanitário, principalmente levando em consideração que é um objeto que levamos às mãos e próximo ao rosto o tempo todo.
E se não tiver papel higiênico?
Se você esquecer de levar o seu próprio papel ou lenço umedecido ou se só reparar que ele acabou na hora de se limpar, verifique se existe algum tecido limpo que possa ser utilizado e descartado imediatamente. Duchas higiênicas também são uma alternativa, apesar de mais difíceis de serem encontradas.
“É importante lembrar que o papel higiênico nunca deve ser reutilizado, porque, ainda que ele não pareça sujo, pode conter secreções contaminadas de outras pessoas que você não conhece”, alerta a infectologista.
Ao finalizar, abaixe a tampa do vaso para poder dar a descarga. Dessa forma, as bactérias e germes vão ficar apenas dentro do vaso. Não jogue papel ou absorventes dentro do vaso e confira se ficou tudo limpo: lembre que, depois de você, outras pessoas utilizarão o mesmo sanitário.
Higienização das mãos
Por fim, voltamos à dica mais importante: lave as mãos antes de sair do banheiro. A higienização deve ser feita com água e sabão, esfregando bem as palmas e o dorso das mãos, os punhos, os dedos e as unhas. A limpeza dessas áreas com álcool em gel por, pelo menos, 20 segundos, também garante a proteção contra possíveis contaminações.
Seque com papel e evite máquinas de jatos de ar, pois elas podem jogar diversos germes nas mãos que você acabou de lavar.
